Dormir cedo hoje, foi uma das melhores coisas que já fiz. Estou bem descansado, mas me sinto estranho. Talvez o costume de não 'participar' da noite, seja a causa. Como das outras vezes, no meio da noite ouço o som de passos. Inicialmente fiquei paralisado pelo medo, mas mantive meu propósito firme.
Me levanto silenciosamente e parto em direção dos passos. Apesar da noite ser escura, e eu estar cheio de terrores, uma lua cheia ilumina grande parte caminho. Por diversas vezes, o som do passos parece desaparecer, imediatamente após isso ouço gritos estridentes.
Seguir alguém pelo som é uma tarefa difícil, mas não me atrevo a me aproximar mais. Por mais que eu não entenda, vou continuar confiando nesse medo de outras pessoas. Estive muito bem, ou quase, sozinho e acho melhor continuar assim, mas quero entender o que está acontecendo.
Minha perseguição noturna, me leva através da cidade destruída. Agora o som dos passos vem de vários lugares. Mesmo tentando me manter afastado, já consigo ver vultos e sombras se reunindo. O ponto central parece ser uma antiga estação de metrô. Completamente desorganizados, centenas de vultos descem se empurrando pelas escadas. Eu continuo esperando, essa noite será um teste de paciência.
Depois de quase uma hora, praticamente todos já desceram. Alguns desistiram dessa 'reunião', e correram como em direção as colinas. Mesmo após todos descerem, espero alguns minutos. Espero tanto para garantir que não me vejam, quanto para analisar se vale a pena encarar esse perigo. Que tudo se foda, o perigo é uma constante em minha vida, desde que o mundo 'acabou', nenhum dia se passou sem situações complicadas. Acho que estou começando a apreciar essa companhia traiçoeira.
Após ter certeza de estar sozinho, me aproximo das escadas, o lugar não parece estar em ruínas como era de se esperar. Procuro algo para servir de bastão guia e começo a trajetória cidade abaixo. Rapidamente venço as escadas e começo a andar lentamente pela estação. Ouço passos ao longe, mas antes que eu consiga identificar a direção, desaparecem completamente.
Vago por alguns minutos sem saber para onde ir, até que ouço um grito. Um grito longo e agudo.
Nesse momento, toda a coragem que eu reuni me abandona. Corro em direção as escadas, sem me importar com nada, simplesmente quero estar fora da estação.
Nós últimos degraus da escada, percebo que tem alguém vindo atrás de mim. Instintivamente giro o corpo, e acerto a barra de ferro no meio da cabeça, e continuo correndo.
Depois de correr, ou quase isso, por seis quadras sequer parando para respirar. Me abrigo em um antigo prédio de apartamentos.
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