Dia 11

Que noite! Apesar de todo o planejamento, não consegui resultado algum. Ao que parece, há muitos sobreviventes por aqui. Não sei o que querem, o que pensam, ou qualquer outra coisa. Apesar dessa falta de conhecimento, eu instintivamente, não quero ficar próximo. Nunca gostei de grandes aglomerações e, agora lutando por minha sobrevivência, gosto menos ainda.


Na minha fuga pela noite, usei um abrigo improvisado. Eu preciso me controlar melhor. O tal abrigo improvisado, por fora não parecia tão mal, mas dentro, além de desmoronando, estava cheio de correntes de ar. Acordei cedo, tremendo de frio, com fome e sede. Comi o que ainda tinha e sai pelas ruas.

O dia está claro, ainda assim, um vento frio insiste em fazer companhia. Atravessando a cidade, encontro lugares em que não procurei mantimentos. Reúno o que pode ser utilizado e continuo andando. Para me alimentar, tenho o suficiente para dois dias, porém a água está muito difícil. Somando isso aos problemas com os vizinhos, acho melhor procurar outro lugar para mim. Mas por hora, simplesmente vou me preparar para isso. Não vou sair da cidade sem garantias.

Vagando pela cidade, chego até a praia. Assim como o resto da cidade, está completamente arrasada. Pedras gigantescas espalhadas, buracos no chão, totalmente inabitável. Mas no meio de toda a destruição, algo me chama a atenção. Uma formação de vidro, provavelmente criada durantes as tempestades. Não consigo descrever o formato. Sob o sol do meio dia, gera um show de luzes incríveis.

Faço uma pequena refeição sob a luz desse show psicodélico semi-natural. Um prazer que dura pouco. Mal termino de comer e nuvens escuras começam a se agrupar. Saio da praia correndo, buscando abrigo pelas ruas. Acabo me abrigando em um bar. Uma cena muito triste. Todas aquelas garrafas quebradas no chão. Todas não. Atrás do balcão, encontro uma garrafa pela metade do maravilhoso, Jack Daniel's Old no. 7.

O simples fato de ver a garrafa, já me trouxe tantas lembranças. Lembranças de como foi minha vida. Lembranças ruins, lembranças boas, lembranças de um mundo que eu fiz parte. Cada gole, cada vez que sinto o cheiro, tudo me lembrava algo. A tristeza dessas perdas dói bem mais que qualquer coisa que eu passei nesse admirável novo mundo.


Ainda estou bebendo enquanto escrevo isso. Últimos goles. A tristeza cansa ao que parece. Vou descansar ao máximo, amanhã preciso me preparar para partir.

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