Eu estou começando a achar que vou perder o meu pé, as dores gritantes que sempre se imagina de qualquer osso quebrado sem cuidados médicos aparecem pouquíssimas vezes o que me faz pensar em 2 opções, ou meu cérebro está bloqueando a dor ou eu estou perdendo as sensações na região do pé, mas ao menos assim consigo me locomover, mesmo que seja lento como uma tartaruga e de algum tempo pra cá sem a mínima noção de pra onde estou indo.
Acordei bem cedo com o sol no meu rosto e ainda um pouco molhado depois da façanha de ontem, estou com medo de pegar um resfriado, um pé quebrado em um corpo sem defesas não vai ser legal, percebo que o filhote de urso não está por perto e penso que ele deve aparecer quando tiver comida por perto, resolvo ir tomar água no rio e a minha surpresa é ver o maldito urso pegando peixes na parte mais rasa do rio, não sei como ele aprendeu isso sozinho mas acho que ele vai precisar de ajuda para comer.
Depois de improvisar um fogo usando a velha técnica gravetos & pedras e me aproveitar do peixe do ursinho resolvo seguir o rio e perecebo que vai ser uma tarefa mais díficil do que parecia. Além do rio ser curvo e no minimo metade do caminho ser em descida, os obstáculos são muitos, desde árvores caidas e pedras a corpos de animais. Felizmente pelo que parece eu não estou longe da costa, consigo avistar a mais ou menos um dia de viagem uma grande quantidade de água que eu anseio mortalmente que seja o mar.
Depois de muito sofrer nesse caminho esquecido até mesmo pelo diabo percebo que o maldito urso não está comigo, mas como eu já disse não consigo cuidar de mim mesmo imagina cuidar de um filhote, resolvo seguir o caminho tranquilamente, não exatamente tranquilamente por que é um caminho bem pesado, ainda mais pra quem tem um pé quebrado.
Quando o sol começa a abaixar no céu encontro uma formação rochosa estranha mas mesmo assim bem propícia para passar a noite protegido de qualquer chuva ou do vento, como algumas frutas vermelhas que encontro em arbustos e me recosto em uma uma grande pedra curva. Começo então a pensar em tudo que já passei até aqui, quando eu poderia imaginar que logo eu sobreviveria ao "fim do mundo", que eu sozinho atravessaria metade do país sem nenhm objetivo concreto, que saltaria de uma cachoeira e que teria coragem de arriscar tudo por nada, ou talvez menos, a vida toma rumos muito interessantes quando em pontos extremos.
Adormeço pensando em como eu vivi antes de tudo se tornar esse caos e pensando no que será de mim nesse mundo atroz, encontrarei alguém vivo e receptivo a companhia? Haverá alguma lógica na minha vinda à costa? Por que tudo isso aconteceu? Existe alguma lógica em ficar fazendo todas essas perguntas dentro da minha ment...
Nenhum comentário:
Postar um comentário