Dia 6

Depois de uma noite de pouco sono e muitos uivos, foi bom não ter que "dormir" mais, mal o sol nasceu e eu já estava com o pé no projeto de estrada correndo na medida que o terreno (e principalmente a falta dele) me permitiam e aparentemente seria um dia calmo.

O resto de comida que eu tinha deu para manter boa parte do dia e nos arbustos próximos eu encontrei várias frutas levemente azedas, o que conseguiu me sustentar bem principalmente em questão de líquidos, estou achando estranho essa sorte, se continuar assim de duas uma, ou eu encontro passagem ou então morro nessa porra de vez.

No meio da tarde avistei o que parecia ser uma pequena estrada desfiladeiro abaixo e pelo que observei aguentaria bem a Harley ao menos por uma parte do caminho, estoco uma boa quantidade de frutas e vou descendo bem devagar e com muito cuidado porque uma queda aqui seria "muito fatal" então é melhor não aproveitar toda a potência da Harley pra aproveitar toda a extensão da vida.

Como eu já havia dito mais cedo, parece que a sorte está do meu lado, ou não, fui passar por uma "ponte" de madeira e exatamente quando terminei de cruzar ela se despedaçou completamente, se bem que agora eu não tenho mais volta, eu tenho que continuar e a estrada está ficando mais fina a cada metro que percorro e quando estou quase no final do que parecia não ter fim vejo que a entrada de uma caverna que aparentemente é a continuação da estrada está bloqueada com várias pedras que provavelmente cairam durante os terremotos, o desespero tomou conta de mim antes mesmo de me aproximar devidamente do amontoado de pedras mas antes que eu pudesse lamentar devidamente o chão começa a tremer, metade da estrada cai precipício abaixo e eu perco o controle da Harley, por pouco não vou parar no fundo do precipicio juntamente com ela, consigo me agarrar a uma raiz por poucos centimetros e com toda a força que me restava puxei meu corpo para cima e me agarrei à borda do penhasco e rapidamente subi de volta a estrada, agora sem Harley, sem estrada e sem metade dos meus mantimentos só me restou chorar, mas enquanto chorava percebi que as pedras maiores que bloqueavam a caverna cairam também, retiro as pedras que sobraram, acendo uma tocha improvisada e começo a explorar a caverna, é um local bem amplo e ao longe eu ouço o som de água.

Andei pela caverna por quase meia hora sem imprevistos, porém a sorte ao me abandonar não me deixou sozinho, o azar me persegue como uma mulher ignorada, outro terremoto relâmpago começa e provavelmente a entrada da caverna desmoronou, mas o pior não é isso uma desmorona e acerta meu pé esquerdo em cheio, a dor é horrível e o pior é pensar que não tenho nada que possa ajudar com a dor, nem que possa resolver tão cedo, tiro o pé da bota e vejo que ao menos não estou sangrando, uso mais um pedaço de madeira para deixar tudo no lugar (o que me faz gritar de dor) e improviso uma muleta que mais parece uma bengala e tento andar como posso, encontro um lugar livre de umidade, apago o fogo e resolvo dormir um pouco e tentar prosseguir com um pouco menos de dor amanhã.

Quando estava quase pegando no sono, percebo algo puxando a barra de minha calça, no susto vou direto na tocha e com sorte acendo rapidamente, ao olhar tenho uma surpresa, é um filhote de urso marrom quando olho melhor em volta, eu deitei perto de onde a mãe dele estava, ao que parece ela morreu protegendo ele do terremoto e o pobre está quase morrendo de fome, dou um pouco de água e um pedaço de peixe para ele comer, ele fica feliz se aconchega perto dos meus pés, imagino que seja seguro e volto a dormir, se tudo seguir no mesmo ritmo amanhã acordo devorado por ursos.

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